Gaivota de espuma e de areia Saudade que hás-de Ser turbilhão estonteante De quem pensa E de quem sente A tortura de um sono O inventor de uma asa Derramada na lama O levantar de um vôo Quebrado e vazio E o piar dum frio que dói e que gela Tão longe E tão fundo na gente do mar!
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Gaivota de espuma e de areia
Saudade que hás-de
Ser turbilhão
estonteante
De quem pensa
E de quem sente
A tortura de um sono
O inventor de uma asa
Derramada na lama
O levantar de um vôo
Quebrado e vazio
E o piar
dum frio que dói
e que gela
Tão longe
E tão fundo
na gente do mar!
(clara)
TORTURA
(Florbela)
Tirar dentro do peito a Emoção,
A lúcida Verdade, o Sentimento!
– E ser, depois de vir do coração,
Um punhado de cinza esparso ao vento! ...
Sonhar um verso de alto pensamento,
E puro como um ritmo de oração!
– E ser, depois de vir do coração,
O pó, o nada, o sonho dum momento ...
São assim ocos, rudes, os meus versos:
Rimas perdidas, vendavais dispersos,
Com que eu iludo os outros, com que minto!
Quem me dera encontrar o verso puro,
O verso altivo e forte, estranho e duro,
Que dissesse, a chorar, isto que sinto!!
Bjinhos e seja feliz, Lu.
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